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Impactos Ambientais das Linhas de Transmissão sobre a Avifauna

Publicado em 24/11/2020

Os impactos ambientais relacionados às linhas de transmissão têm gerado uma necessidade de pesquisas atualizadas e aprofundadas sobre os reflexos desses empreendimentos, principalmente sobre às aves. Estima-se que no mundo o número de linhas de energia elétrica aumenta à uma taxa de 5% a cada ano. Formando longas redes, as linhas de transmissão ultrapassam diversos habitats, entre eles alguns de extrema relevância para as aves, como as rotas regulares entre áreas de dormitório e alimentação. Os impactos mais relatados são as colisões direta com as estruturas e com os cabos de alta tensão, bem como, alguns casos de eletrocussão. A importância de cada um desses acidentes depende de vários fatores que exercem influência sobre o risco de impactos negativos para a comunidade de aves, como por exemplo a localização geográfica, o relevo, o grau de conservação desse ambiente, o modelo das torres de transmissão, condições atmosféricas (neblina/vento), os grupos taxonômicos de ocorrência e as condições de luminosidade (dia/noite).

No Brasil, não existem muitos problemas sérios relacionados à eletrocussão de aves em linhas de transmissão de alta potência, pelo fato de que a maior envergadura de uma ave brasileira é duas vezes menor do que a distância mínima entre as fases condutoras de linhas de transmissão de alta tensão. Entretanto, tais linhas apresentam maior risco de colisão, enquanto os maiores riscos de eletrocussão de aves são em linhas de transmissão de média e baixa tensão, seja para passeriformes ou aves de rapina. Atualmente, faltam estudos publicados com foco em colisões de aves com linhas de transmissão. Porém, os publicados se somam a outras informações levantadas pelos estudos fora do Brasil, os quais podem servir para o entendimento da dinâmica e das relações de aves que ocorrem no Brasil. Embora as espécies de aves brasileiras sejam, muitas vezes, diferentes daquelas observadas em outros continentes, há muitos táxons (gêneros, famílias, etc.) e fitofisionomias (brejos, florestas, áreas de lavoura, etc) compartilhados entre o Brasil e os demais países onde estudos sobre aves e linhas de transmissão foram publicados em maior volume.

Bando de Xanthopsar flavus (veste-amarela) voando próximo à linha de transmissão, sem presença de sinalizador. Foto: Lauren R. Teixeira (2019).

Assim, é razoável crer que se algumas espécies de garças (Ardeidae), rapinantes (Accipitridae e Falconidae), patos e gansos (Anatidae) são muito impactadas em empreendimentos africanos (e.g. JENKINS et al., 2010), norte-americanos (e.g. BROWN et al. 1987) e europeus (e.g. BEVANGER; BROSETH, 2001), as espécies brasileiras dessas mesmas famílias sejam igualmente afetadas. Além destas, tem-se conhecimento de aves paludícolas (e.g. Anseriformes) e pombos (Columbiformes) entre as principais vítimas de colisão.

Medidas mitigatórias devem ser aplicadas para reduzir tais impactos das linhas de transmissão sobre a avifauna. Algumas delas são o planejamento da localização destas linhas, a instalação de cabos subterrâneos, e a instalação de sinalizadores, os quais tornam os cabos mais visíveis e na maioria das vezes mostram redução no risco e na mortalidade por colisão.

Biólogo Zenon Ratzlaff Júnior                           Dra. Thaiane Weinert da Silva
Esp. Licenciamento Ambiental                                   Bióloga/Ornitóloga

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